Filho de Antero de Souza Schutel e de sua esposa, Rita Tavares Schutel, o menino que recebeu o nome de Cairbar nasceu no dia 22 de setembro de 1868 na cidade do Rio de Janeiro.
Aos nove anos perdeu o pai e no mesmo ano a mãe, de febre puerperal ao dar a luz o irmão que viveria apenas quatro anos. Com a morte da viúva, as crianças foram viver com o avô paterno, Dr. Henrique Schutel. Coube a este transmitir ao neto sobrevivente as primeiras noções da vida.
Cairbar começou a frequentar o Colégio Pedro II, onde cursou até o segundo ano. Em 1880 abandonou o colégio para empregar-se em uma farmácia como aprendiz. Ali especializou-se como farmacêutico prático, adquirindo conhecimentos na manipulação de medicamentos.
Na juventude descuidada que levava na Corte Imperial, tinha idéias de aventurar-se pelos sertões do país, seguindo a rota inversa da maioria dos jovens do interior que procuravam alcançar as capitais. Escolheu o Estado de São Paulo, já na época da República, e mudou-se para Piracicaba e depois para Araraquara, onde, em 1891, empregou-se numa conhecida farmácia. Em 1893 passou a trabalhar como entregador de mercearia, vindo a adquirir no ano seguinte (1894), um pequeno sítio para cultivar frutas e verduras, abrindo também um pequeno comércio.
Em 1896 mudou-se para a pequena povoação que se tornaria a cidade de Matão, onde se estabeleceu abrindo uma farmácia. Integrou-se na sociedade local, vindo a tornar-se importante figura, militando inclusive na política local.
Com a elevação da então vila a município, fez parte da sua primeira Câmara Municipal, instalada em 1889, como vereador. Foi escolhido, a seguir, pelos seus pares como seu primeiro Intendente (hoje “Prefeito”), cargo que exerceu até os últimos dias do século XIX, com pequeno intervalo.
Com trinta e seis anos, Cairbar passou a frequentar sessões de tiptologia com a trípode (pequena mesa com três pés).
Nestas sessões espíritas, concluiu que a vida continua no além-túmulo, passando a estudar os fenômenos até abraçar definitivamente a doutrina espírita, dela se tornando um de seus maiores propagandistas no Brasil. É conhecido ainda hoje, entre os espíritas, como o Bandeirante do Espiritismo, devido ao empenho com que se dedicou à divulgação do Espiritismo ao longo de sua vida.
Em 1905 fundou o “Grupo Espírita Amantes da Pobreza” e no mês seguinte o jornal espírita “O Clarim”. Suas edições atravessaram todo o século XX, atingindo o início do Terceiro Milênio com a tiragem de 10.000 exemplares. Naquela década do século passado manteve viva polêmica com o padre João Batista Van Esse, e esta quase terminou em tragédia, em certa ocasião, não fosse a intervenção de um advogado que sacou de uma arma contra o populacho, aborrecido com o barulho provocado pelo clérigo e seus acólitos, os quais pretendiam linchar o já conhecido e ilustre espírita. Naquele mesmo ano desposou Maria Elvira da Silva Schutel (Mariquinhas), com a qual já vivia maritalmente. Não tiveram filhos e sua fiel companheira de todas as horas o precedeu no túmulo.
Em 1912, já conhecido como o “Pai dos Pobres de Matão”, fundou um pequeno hospital de caridade, para atender aos doentes sem recursos materiais. Dois anos mais tarde, em 1914, começou a visitar os presos na Cadeia Pública de Matão. Em 1917 estende as visitas aos detidos na Cadeia de Araraquara, onde proferiu palestras.
A 15 de fevereiro de 1925, fundou com o auxílio moral e material do amigo Luiz Carlos de Oliveira Borges, a RIE - Revista Internacional de Espiritismo, publicação mensal dedicada aos estudos dos fenômenos anímicos e espíritas, hoje ampliada, contando com os recursos da moderna imprensa e publicando artigos em outras línguas.
Pioneiro na radiodifusão do Espiritismo, no período de 19 de agosto de 1936 a 2 de maio de 1937 proferiu, aos domingos, as conhecidas “Conferências Radiofônicas”, através da Rádio Cultura PRD-4, de Araraquara, posteriormente publicadas em livro.
No dia 30 de janeiro de 1938, após curta enfermidade, veio a falecer vítima de aneurisma cerebral, às 16h e 15 minutos.
Na mesma noite, através do médium Urbano de Assis Xavier, comunicou-se e sugeriu a seguinte frase para a lápide em seu túmulo: “Vivi, vivo e viverei porque sou imortal”. Cairbar não teve a fase de perturbação porque passa a grande maioria dos espíritos após o desencarne. Sua evolução espiritual atesta o fato.
As obras de Cairbar Schutel foram todas editadas pela Casa Editora O Clarim, por ele fundada. As principais dentre elas estão:
- Médiuns e Mediunidades - 1923
- Parábolas e Ensinos de Jesus - 1928
- O Espírito do Cristianismo - 1930
- Vida e Atos dos Apóstolos - 1933
Retirado de várias fontes, entre elas internet.
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